quinta-feira, 25 de abril de 2019

OS PUNKS VENCERAM

Ao final dos anos 70 surgiram os Punks. De forma bem simplista, o movimento Punk foi uma resposta ao domínio do Rock Progressivo (com seus arranjos detalhados e solos intermináveis), que afastava da música aqueles que não possuíam habilidade nem conhecimento musical em tamanha escala. Ficaram famosos pelo princípio do-it-yourself - ou, faça-você-mesmo - trazendo canções simples e curtas, compostas por arranjos de três ou quatro acordes e pouca preocupação com afinação, tom e demais elementos básicos da música.

Foi um sucesso! Afinal, com pouco esforço, todos que queriam, tinham à mão a possibilidade de fazer música. E todos guardaram seus vinis do Yes e Pink Floyd no fundo das gavetas e deleitaram-se ao som de Hey-ho let's go de Ramones, Anarchy in the U.K do Sex Pistols e companhia limitada.

O movimento Punk teve seu grande momento na década de 80. Enraizou-se, além da música, pela cultura, moda, comportamento, arte, política. Viveu sua ascensão, plenitude e teve sua queda como todo movimento cultural, mas deixou, ao meu ver, uma importante lição, que pode ser sintetizada em uma frase bastante popular: a preguiça é a mãe de todos os vícios.

Ao invés de dedicar esforços e aprender a cantar e tocar instrumentos em nível semelhante ao dos músicos do Rock Progressivo, os Punks preferiram chutar todo conhecimento e habilidades alcançadas pela geração anterior e mergulhar na simploriedade, oferecendo a preguiça como alternativa. E eles venceram.

Eu pretendia intitular este texto com a frase: Os Punks voltaram. No entanto, ao ponderar por alguns instantes, pude concluir que não. Eles nunca se foram. E existem antes mesmo de terem um nome. A humanidade é uma constante (in)evolução punk. Sempre optando pela lei do menor esforço, pelo desconhecimento de matérias e causas, mas, ao mesmo tempo e pretensiosamente, querendo dar palpites em tudo.

 Por todo lado, há pessoas que não se esforçaram para adquirir conhecimento em nada, mas que se consideram profundos conhecedores de tudo. Discutem, inclusive, em ilusório pé de igualdade com aqueles (poucos) que buscaram conhecimento em alguma área, em fontes que não sejam a universidade de filosofia global do botequim da esquina ou da academia nacional de fofoqueiros da vizinhança.

E foi assim que o achismo virou a maior ciência dessa época. E com ele, a plenitude da herança do faça-você-mesmo. E vivemos rodeados de cantores que não sabem cantar, músicos que não sabem tocar, engenheiros de obras prontas, jornalistas de meia-caneta, médicos do google, CEO's de carrinho de pipoca, que têm pra sim que quanto pior melhor. Batendo, martelando, gritando suas  incontestáveis verdades do desconhecimento, como uma seita radical. Ai de quem se manifestar ao contrário.

E terminaremos caçando com lanças e pedras e esperando um raio cair na árvore para conseguir fogo.

Faça você mesmo, mas não se esforce muito. Aliás, não se esforce nada. Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes, já dizia o patrono da educação. Se você acha que sabe, não quem possa dizer que não. Hey, ho, let's go! ;)


quarta-feira, 24 de abril de 2019

DEZ ANOS DEPOIS...

Cá estou, re-re-reinaugurando este blog...

Em nome de Deus e do Povo da internetlândia, declaro aberta a nova temporada de postagens.

Vamos ver se sai alguma coisa.

Bora lá!